Fernão de Magalhães, Um Navegador Português

Fernão de Magalhães foi um cavaleiro fidalgo da casa real portuguesa que pertencia à família dos Magalhães, a qual era originária do Norte de Portugal, onde nasceu cerca de 1480.

Fernão de Magalhães foi um cavaleiro fidalgo da casa real portuguesa que pertencia à família dos Magalhães, a qual era originária do Norte de Portugal, onde nasceu cerca de 1480.

Ao caracterizarmos o grande navegador podemos dizer que era ambicioso, astuto, audaz, autoritário, combativo, confiante em si mesmo, corajoso, determinado, hábil, irritadiço, justiceiro, lutador, otimista, persistente, perspicaz, resiliente, tenaz, valente, vingativo e voluntarista.

Também sabemos que Fernão de Magalhães era especialista em Náutica, Astronomia, Geografia, Cartografia, Meteorologia e Matemática; curioso em conhecer novas terras e novas gentes; solidário com amigos e subordinados; duro com rivais e opositores; de opiniões firmes e frontais; sem medo; com espírito crítico; intransigente na defesa das suas opiniões, mas por vezes conciliador; interessado por economia e empenhado na obtenção de lucros com empréstimos e negócios de especiarias; resistente à fome, à sede e à doença; sedento de honrarias e muito cioso de pontos de honra; muito religioso e proselitista da fé católica; respeitador dos nativos que encontrou, a não ser em situações extremas; fiel aos senhores que nele confiavam; calculista, mas também por vezes ingénuo e com excesso de confiança.

De Fernão de Magalhães sabemos que foi de Lisboa para a Índia em 1505, tendo permanecido no Oriente até 1513, altura em que regressou a Portugal, de onde logo partiu na expedição que conquistou Azamor, onde ficou alguns meses. Entretanto fora um dos primeiros portugueses a ir a Malaca em 1509, lá tendo voltado para participar na sua conquista em 1511. Nesta cidade ele embarcou na armada portuguesa que em 1512 descobriu as Molucas, aonde depois quis voltar para se encontrar com o seu amigo Francisco Serrão, que lá se radicara nesse ano de 1512.

Tendo entrado em conflito com D. Manuel I, por este não lhe ter satisfeito as suas exigências, Magalhães foi propor a Carlos V a realização de uma viagem às Molucas por uma via ocidental e não oriental, como faziam os portugueses. Dessa forma visava proporcionar-lhe as riquezas em especiarias dessas ilhas por alegar pertencerem-lhe, de acordo com o estipulado no Tratado de Tordesilhas que em 1494 dividira o mundo entre Portugal e Espanha.

Assim, em 1519 tem início a mais arrojada expedição náutica que, planeada e comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães e posteriormente concluída pelo espanhol Juan Sebastián Elcano, se tornaria na primeira viagem de Circum-Navegação.

Nela se revelaria a genialidade de Fernão de Magalhães, a sua experiência e o conhecimento da melhor tecnologia náutica, a sua força empreendedora, a sua ousadia, determinação e liderança, bem como a força de espírito coletivo perante um desafio extraordinário que, 500 anos depois, fazem desta viagem um dos mais relevantes eventos da Humanidade.

Após a descoberta do Estreito de Magalhães em outubro de 1520, Fernão de Magalhães iniciaria a travessia do novo Oceano que descobrira e batizaria de Pacífico a qual, concluída a 16 de março de 1521 com a chegada às Filipinas, revelaria e acrescentaria aproximadamente 50% ao mundo até então conhecido, confirmaria a condição esférica do nosso planeta e oferecia à Humanidade um, até então desconhecido, Planeta “Oceano”.

Esta travessia seria marcada pela tenacidade e resiliência da tripulação que acompanhou Fernão de Magalhães. Ao longo dos quatro meses de viagem desde a América do Sul, ultrapassaram a fome, sede e doença, num verdadeiro teste aos limites da força humana. Após chegar ao arquipélago, Fernão de Magalhães concretizaria diversas alianças, nomeadamente com Rajah Humabon, Rei de Cebu. Esta aliança seria vincada com a conversão do rei e da sua rainha, Hara Humamay, à fé católica numa cerimónia que incluiu um ato simbólico que ainda hoje perdura como a maior manifestação católica nas Filipinas – a entrega da imagem do Santo Niño de Cebú por Fernão de Magalhães à Rainha de Cebu.

Foi no contexto desta aliança que Fernão de Magalhães se envolveu num conflito local entre o Rei de Cebu e o chefe Lapu Lapu, da ilha vizinha de Mactan, que selaria fatalmente o seu destino a 27 de abril de 1521.

Todavia, independentemente da perspetiva histórica destes acontecimentos, os extraordinários feitos alcançados pelo navegador português até àquela data fatídica cultivaram um enorme legado de união entre diferentes povos, culturas e tradições, o qual, cinco séculos depois, ainda perdura e se manifesta na contemporaneidade.

REFERÊNCIAS E HOMENAGENS PRESTADAS AO EXPLORADOR

Estreito de Magalhães

É uma passagem navegável de aproximadamente 600 km imediatamente ao sul da América do Sul continental. Situa-se entre o continente a norte e a Terra do Fogo e cabo Horn a sul. Este estreito é a maior e mais importante passagem natural entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Sonda Magalhães

Lançada em maio de 1989, a sonda espacial da NASA chegou ao planeta Vénus a 10 de agosto de 1990. Durante 4 anos realizou o levantamento cartográfico mais completo do planeta (cerca de 98% da sua superfície) por meio de um radar.

Grande e Pequena Nuvens de Magalhães

As duas galáxias anãs, satélites da nossa, são visíveis a olho nu no hemisfério sul. Os registos mais antigos são do ano 984 a.C. Referidas por Pigafetta no seu relato da viagem de Magalhães, quando a expedição as avistou em 1520, durante a travessia do Pacifico, receberam depois o nome do navegador português.

Crateras Magalhães na Lua e em Marte

A mais conhecida, descoberta em 1976, fica no hemisfério sul de Marte e apresenta uns consideráveis 105 quilómetros de diâmetro. As outras duas situam-se na Lua, na margem do Mare Fecunditatis e são designadas por Magalhães e Magalhães A.

Pinguim-de-Magalhães

A espécie, que habita nas águas temperadas da América do Sul, foi avistada durante a viagem de circum-navegação. No seu relato, Pigafetta designou as exóticas aves por “gansos”. Medem entre 50 e 70 centímetros, pesam no máximo cinco quilos e vivem até aos 20 anos.

Sistema de Navegação Magalhães

Um dos primeiros sistemas mundiais de GPS, criado na Califórnia, foi lançado em 1989 e recebeu o nome do explorador português.


Citações que evocam Fernão de Magalhães e o seu legado

A primeira viagem de circum-navegação representa a 1ª orbita ao planeta terra
– James Garvin | 2019 | Cientista-chefe da NASA

Entre todas as figuras e todos os percursos, a minha admiração foi atribuída aos feitos do homem que, a meu ver, atingiu o mais extraordinário da história das descobertas geográficas: Fernão de Magalhães. A sua navegação é talvez a maior odisseia da história da humanidade e, é verdade que, quando decidi escrevê-la atenta aos documentos fiáveis ​​ao meu alcance, tive a sensação de contar algo inventado, uma daquelas lendas sagradas da humanidade. Pois não há nada mais excelente do que uma verdade que parece implausível!
– Stefan Zweig | 1938 | Escritor, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica

Magalhães pode ser considerado um dos navegadores mais intrépidos da história. Sua gigantesca obra permanecerá na glória do passado entre a grande audácia do espírito humano.
– P. Pablo Pastells | 1920 | Sacerdote jesuíta espanhol

Magalhães revela um carácter muito além de seu tempo; um homem autêntico e altruísta que foi inundado por uma grande paixão pela descoberta, sempre buscando o bem-estar da humanidade e a glória da cruz ao invés de riqueza e fama. As vicissitudes de sua vida não foram apenas nobres, mas também com espírito de cavalaria.
– Hezekiah Butterworth | 1899 | Autor e poeta americano

Embora a companha de Magalhães seja reconhecida como a maior já empreendida por qualquer navegador, porém, ele foi privado da devida fama devido ao ciúme que sempre existiu entre os dois povos que habitam a Península, já que os espanhóis não toleraram serem comandados por um português, e os portugueses ainda não perdoaram Magalhães por tê-los abandonado para servir a Castela.
– Lord Stanley of Alderley | 1874 | Membro da “House of Lords”

O drama glorioso das descobertas transatlânticas tem um carácter eminente e Portugal um nome reverenciado pela civilização moderna. Um daqueles empresários fervorosos que da espada e do navio fizeram os mais poderosos instrumentos de progresso. Fernão de Magalhães pagou-nos generosamente pelo nosso desgosto e pela afronta de nos negar, é verdade que serviu Castela quando circum-navegou o globo, mas o nome de Magalhães sempre permaneceu português, e a glória das suas navegações deve ser perpetuamente a glória de Portugal.
– José María Latino Coelho | 1856 | Militar, escritor, jornalista e político português

Esta foi a companha de Fernão de Magalhães, um senhor português cuja ousadia e grande perseverança em indagar este segredo e não menos feliz em encontrá-lo, com memória eterna batizada de estreito a que justamente chama Magalhães pelo seu inventor.
– Martín Fernández de Navarrete | 1837 | Nobre espanhol

Os dois eventos mais importantes para a economia mundial foram feitos marinhos: subir o Cabo da Boa Esperança e cruzar o Estreito de Magalhães e o Pacífico para chegar às Molucas. A fronteira do conhecimento estava nas mãos de portugueses e espanhóis, e foram eles que ensinaram os demais a navegar em alto mar.
– Adam Smith | 1776 | Filósofo e economista britânico

E esses dois grandes mares que pretendem se unir batem nas rochas e suas ondas tendem Mas eles não são afetados pela aproximação Para esta parte finalmente a terra se dividiu E eles podem se comunicar aqui Magalhães, senhor, foi o primeiro homem que abriu este caminho para ele deu nome.
– Alonso de Ercilla | 1578 | Poeta e soldado espanhol

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